Uma batalha em mim




Fui tantas vezes ela...
Que de mim me perdi. Corrompi meus olhos na tentativa de não precisar encarar aquilo que me negava existir. Passei a ser mais livre do que jamais fui, ousei como nunca houvera ousado dantes... E de alguma forma tornei-me de mim, mais distante.

Fui tantas vezes ela...
Que me tornei horizonte. Ao longe vejo apenas um longo e antigo rastro de mim. Ultrapassei fronteiras, derrubei muralhas, e as cicatrizes de antigas batalhas deixaram eternas  lembranças de um passado que sempre estará presente... tão meu somente.

Fui tantas vezes ela...
Que veio a tona o melhor de mim. Mergulhei fundo em meu desconhecido, encarei os gritos e gemidos, e o medo que tentava minha lucidez destruir. Quebrei regras e promessas, e corri como quem tem pressa de aprender a viver... Exasperada pela angústia de ser o que o mundo me obrigava a ser.

Fui tantas vezes ela...
Que destruí todos os conceitos,  aprendi a me aceitar com a visão dos meus próprios defeitos, e assim descobri quantas vezes deixei de ser eu. E após essa longa  batalha entre o que fui e o que hoje sou, apesar daquela parte de mim que se perdeu... Uma mulher mais forte, renascida de uma guerra só sua, sobreviveu.

E nesse equilíbrio que busquei entre razão e emoção, libertei as correntes do meu coração, e minh ‘alma de minha própria cela...

Mas tudo porque antes, fui tantas vezes ela.

Gil Façanha

Comentários

Postagens mais visitadas