Reforma da alma





Ando revendo muitos conceitos. Tudo aquilo que me compunha desmoronou diante dos meus olhos. De repente a vida mais que se revela, expõe a mim mesma. Descobri como cada momento é vago, como cada certeza é ilusória e que o poder de se reconstruir está sempre presente. Ando examinando antigos erros, questionando velhas escolhas e duvidando de tudo que me parecia fato consumado.
No desencontro das descobertas, desvendo o prazer do recomeço e agradeço a Deus a chance de me refazer, de me salvar do mundo e de mim mesma. Percebo agora quantas vezes falhei mas quão importante foi cada uma dessas falhas. Elas ajudaram a compor o ser que fui e que hoje vejo desmoronar-se diante dessa nova esperança.
Lembro-me bem que pensei ser um grande mistério, ao mesmo tempo em que jurava me conhecer: Ambivalência de minh‘alma. Hoje percebo que apenas estava em constante construção. Arquitetura humana a ser erguida para alcançar o ápice de sua auto implosão... momento esse onde nada mais que a verdade de mim se revelaria.
Em meu dicionário muitas palavras já perderam o sentido. Já não me atraem os mesmo livros e as antigas rimas não mais me representam. As velhas letras não se encaixam mais em mim e nem é mais minha história que elas contam. Desconheço-me naqueles versos.
A sensação que trago comigo é de recomeço, a necessidade de outras bases, uma nova história, um novo livro entre tantos capítulos a serem construídos. Só a capa parecerá a mesma, mas ela não será fiel a realidade.
Ainda entre palavras soltas e pensamentos vagos, sou um estilo completamente novo camuflado em papel antigo, com a única garantia de que de nenhuma maneira estará claramente classificado. Até em título serei pura entrelinha a revelar-se aos meus próprios olhos com as lições do tempo.


Gil Façanha

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